Foto: Dávylla Kayllanne
Uma filhote de onça-parda com cerca de três meses foi encontrada em estado crítico na localidade Rodeador, Zona Rural de Nazaré do Piauí, a 270 km de Teresina, no domingo (24). O animal estava desnutrido, debilitado e muito estressado devido à movimentação de curiosos no local.
O resgate mobilizou estudantes, moradores e órgãos ambientais. A estudante de Biologia da Universidade Federal, Dávylla Kayllanne, natural de Nazaré, participou da mobilização.
“Quando eu fiquei sabendo, disseram que o Ibama já resgatado. Mas depois eu vi que o Ibama nunca tinha ido lá. Eu mesma fui até o interior pra ver o que tava acontecendo. Chegando lá, tive contato com a onça. É uma filhote, uma fêmea, deve ter uns dois, três meses no máximo, muito desnutrida, raquítica mesmo, muito estressada também, porque muita gente foi lá ver, até fizeram proposta de comprar a onça”, contou.
Segundo ela, houve falha na comunicação entre órgãos ambientais. “O que eu soube, pela Secretaria de Meio Ambiente da minha cidade, é que tinham entrado em contato com a PM de Nazaré, depois com a de Floriano, que teria acionado a Polícia Ambiental, que por sua vez acionaria o Ibama. Mas nada disso aconteceu. A Polícia Ambiental também não sabia de nada e me mandou mensagem hoje dizendo isso.”
Dávylla conseguiu contato direto com servidores do Ibama, que confirmaram não poder deslocar equipe até Nazaré. Eles orientaram que a Prefeitura liberasse transporte para que o animal fosse levado a Teresina, onde será recebido oficialmente pelo órgão.
“Agora pela madrugada vamos levar, pra amanhecer em Teresina e já começar os exames, a introdução alimentar correta nela. Tudo pra ver se a gente consegue salvar ela, porque realmente tá muito debilitada”, disse.
O filhote será entregue aos cuidados do Ibama em Teresina, que avaliará as condições de saúde e decidirá o futuro da onça, se poderá ser reintroduzida na natureza ou se ficará sob cuidados permanentes.
A mobilização nas redes sociais também foi decisiva. “Através do post do Instagram, muita gente marcou a PM, a Polícia Ambiental, o Ibama. Teve um alcance muito legal, mais de 21 mil pessoas viram, e com isso a gente conseguiu falar diretamente com o pessoal do Ibama”, explicou Dávylla.
Em suas redes sociais, a estudante refletiu sobre o significado do resgate.
“Esse filhote nos lembra que cada árvore derrubada e cada área queimada impacta vidas que muitas vezes nem vemos. Proteger a Caatinga não é apenas sobre a natureza distante, mas sobre o futuro da nossa região, da nossa água, do nosso ar e da nossa biodiversidade. Que a história dessa pequena onça desperte em nós um olhar mais humano para a vida selvagem. Porque cuidar dela é cuidar de todos nós.”
Fonte: Cidade Verde