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Piauí tem mais de 900 pacientes na fila por transplante de órgãos

em 24 de agosto de 2023

O caso do apresentador Fausto Silva, que sofre com insuficiência cardíaca e entrou na fila de transplante de coração, ligou o alerta para a disparidade entre o número de doadores e pessoas à espera de um novo órgão.

No Piauí, a fila conta hoje com 994 pessoas. Desse total, 474 esperam por um novo rim e 393 esperam por uma córnea. O transplante de rim e córnea é realizado no Piauí, pela equipe do Hospital Getúlio Vargas. Os demais (127 pacientes piauienses) que aguardam outros tipos de órgão serão regulados para outros estados, quando chegar a sua vez de receber um novo órgão.

“Não existe transplante sem doação, esse é o grande dilema de pessoas que estão grave esperando um transplante e não tem doadores. O que acontece é que a necessidade de transplantes é muito maior do que a quantidade de órgãos que são oferecidos”, explica a coordenadora da Central de Transplantes do Piauí, Lourdes Veras

A fila é regida pelo Ministério da Saúde, por meio do Sistema Nacional de Transplante. Cada estado  possui uma central, que alimenta o sistema nacional com os dados do paciente que são incluídos na lista de espera.

“É um sistema muito eficiente. Tem um sistema de controle programado em nível federal, que reúne as listas de espera do Brasil estão dentro deste programa”, explica a coordenadora.

A coordenadora da Central de Transplantes do Piauí explica que existem dois tipos de candidatos a um transplante. “Existem os pacientes que entram em urgência nacional, como é o caso do apresentador Fausto Silva e existem os outros pacientes que não estão em urgência, como é o caso do transplante de rim, já que existe uma terapia alternativa, a hemodiálise”, explica.

Um paciente em urgência nacional pode receber um órgão de qualquer unidade da federação, desde que o tempo de transporte seja suportado pelo órgão. “O coração, por exemplo, só suporta viagens curtas, de até quatro horas, não mais que isso”, explica Lourdes Veras.

Os paciente que não estão em urgência recebem órgãos de doadores do seu próprio estado.

Segundo Lourdes Veras, o Ministério da Saúde conta com um sistema de controle aéreo, e dispõe ainda de contratos com todas as empresas de transporte aéreo de passageiros que atuam no Brasil, para realizar o transporte de equipe médicas e órgãos a serem transplantados, de um estado para o outro.

O Piauí, como os demais estados da federação, sofreu durante a pandemia porque os dois Hospitais que realizam transplante de órgão estavam destinados ao atendimento de pacientes vítima da Covid-19.

Mas a situação já melhorou. Em 2022, O Piauí bateu seu recorde de realização de transplantes, quando realizou 31 transplantes de múltiplos órgãos. O melhor número, até então, tinha sido registrado em 2017, quando foram realizados 26 procedimentos.

Este ano, o estado deve, novamente, bater o seu recorde, vez que já foram realizados 24 doações de múltiplos órgãos.

Como funciona a lista de espera por um transplante?

No Brasil, o Sistema Nacional de Transplantes foi implantado pela lei 9434, em 1997, que garante que todos os brasileiros tenham igual chance de receber um órgão transplantado.

O sistema funciona como um prontuário eletrônico, que reúne todos os dados dos pacientes que estão à espera de um transplante de órgão no país. Lá estão descritas informações do paciente, tais como: gravidade da doença e comorbidades.

“Para um transplante de coração você precisa de dados como o peso, altura, perímetro do tórax, para verificar a compatibilidade entre doador e receptor”, explica Lourdes Veras.

A distribuição dos órgão no Brasil é feita a partir de critérios técnicos, que variam de acordo com o órgão a ser transplantado. Entre os critérios técnicos está a gravidade do estado de saúde do paciente que aguarda um novo órgão. Cada paciente recebe um escore, a depender de sua pontuação naquele momento. Esse escore pode varias a medida que a condição clinica do paciente sofra uma melhora ou uma piora.

A coordenadora da Central de Transplantes do Piauí explica que é importante que cada cidadão expresse o desejo de ser (ou não) doador de órgãos para sua família.

“A doação é uma decisão exclusiva e soberana da família.Não tem nenhum documento no Brasil que tenha esse direito de você ser um doador. Somente sua família pode doar. Entretanto quando você faz essa manifestação, quando tem algum documento, mesmo antigo dizendo que a pessoa é doador, a família vai respeitar esse desejo”, diz Lourdes Veras.

Foto: Ascom / HGV

O caso do apresentador Fausto Silva

Lourdes Veras explica que a fila de espera por um coração no país é, relativamente, pequena, dada a mortalidade das doenças cardíacas.

“Temos quase 30 mil pessoas aguardando um transplante de rim no Brasil. De coração são 380 pessoas. Porque as doenças cardíacas são muito graves e a mortalidade é muito alta. São doenças que não tem como aguardar muito tempo”, pontua.

A coordenadora também explica que em São Paulo, onde o apresentador está internado, o número de doações é maior e isso aumenta as chances do paciente.

O apresentador Fausto Silva é do grupo sanguíneo B. Ele precisa de um doador desse grupo sanguíneo. Além disso são levados em conta critérios anatômico, o doador precisa ter um porte físico semelhante ao do receptor. Todas essas mensurações que são feitas pelo próprio sistema a partir dos dados informados pela Central de Transplante de cada estado.

“Em São Paulo o número de doações é muito grande, a probabilidade de um doador compatível é grande. A média de espera para o grupo sanguíneo B, em São Paulo, é de três a quatro meses”, calcula Lourdes Veras.

Porque o Piauí não realiza transplante de coração?

Segundo Lourdes Veras, o Piauí realizou transplantes de coração entre os anos de 2001 e 2010, quando contava com hospitais da rede privada conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar esse tipo de cirurgia.

Hoje, nenhum hospital da rede privada está com convênio ativo com o SUS e os Hospitais da rede pública não dispões da infra-estrutura necessária para realizar o procedimento no Piauí.

“Os hospitais privados saíra do Sistema SUS, alguns foram vendidas para outros grupos que não atendem ao sistema SUS. Um outro problema que identificamos é que os procedimentos eram animadores do ponto de vista de ressarcir as despesas e hoje não são mais. A tabela de pagamento de transplante utilizada hoje é de 2010, está defasada”, explica a coordenadora.

No Piauí são realizados transplantes de rim e tecido (córnea). Os pacientes que necessitam de transplantes de coração, fígado, pulmão e pâncreas são encaminhados para o Sistema de Tratamento Fora do Domicílio, regulado pelo Ministério da Saúde.

Além disso, o Hospital Universitário foi credenciado para realizar transplante ósseo e o Hospital São Marcos está habilitado para realizar transplante de medula, que tenham o próprio paciente como doador.


Fonte: Cidade Verde

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