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Picoenses participam de mobilização nacional contra o fim das vaquejadas

Picoenses e representantes de municípios da macrorregião se reuniram na manhã desta terça-feira (11) para participar de um ato contra o fim das vaquejadas.

em 11 de outubro de 2016

Foto: Romário Mendes

Picoenses e representantes de municípios da macrorregião se reuniram na manhã desta terça-feira (11) para participar de um ato contra o fim das vaquejadas. O grupo se concentrou às margens da BR-316 e seguiu em caminhada pela Avenida Severo Eulálio até chegar ao centro da cidade. O ato faz parte da mobilização nacional intitulada #EuApoioAVaquejada. O protesto é contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgou inconstitucional a lei cearense que regulamentava a prática como esporte.

O empresário Doriedson Viera, reconhecido como um dos maiores apoiadores da vaquejada no Piauí, avaliou de forma negativa a decisão do STF. Ele afirma que a vaquejada é um traço importante da cultura nordestina.

Doriedson Vieira - Foto: Maria Moura/Grande Picos

Doriedson Vieira – Foto: Maria Moura/Grande Picos

“A vaquejada é um esporte, a vaquejada é cultura, não existe o que estão falando. Hoje os órgãos reguladores, a ABVAQ e ABQM, criaram regras e todos os vaqueiros são conscientes disso. São regras de bem-estar animal, que você não pode tocar no boi, existe protetor de calda, o vaqueiro é desclassificado se chicotear o cavalo, se cortar, então hoje a vaqueirama, quase 100%, são conscientes de que não pode maltratar [o animal]. Até porque o vaqueiro faz isso por amor, ninguém faz isso para ganhar dinheiro. Nós fazemos por amor”, frisa.

O vaqueiro Rafael Neres também defendeu a realização das vaquejadas. “Vaquejada é meu DNA. Nasci na vaquejada, vivo a vaquejada e estamos aqui em apoio devido à vaquejada no Nordeste ser cultura, ser esporte e ser tradição. Por isso não podemos tirar dessa forma a vaquejada dos nordestinos”, avalia.

Rafael também ressalta que a prática é uma opção de lazer para muitas famílias. “A gente leva a família para a vaquejada, participa o filho, participa a filha, os familiares na hora da competição. Vaquejada é família, vaquejada é cultura”.

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Picoenses participam de mobilização nacional contra o fim das vaquejadas

Mas para Francisco Damião, natural de Exu, no Pernambuco, a vaquejada é muito mais que diversão. Ele faz parte da terceira geração de uma família de artesãos que encontrou na vaquejada uma fonte de renda. “Sou a terceira geração de uma tradição de família que sobrevive da vaquejada. Sou artesão, meu avô era artesão, meus tios e eu sou a terceira geração”, explica.

“Se acabar [a vaquejada] a gente vai ter que arrumar outra coisa para fazer porque até hoje a minha família quase toda sobrevive principalmente disso […] Basicamente hoje eu tiro o sustento para mim, minha mulher e quatro filhos da minha oficina”, lamenta o artesão.

Artesão Francisco Damião - Foto: Maria Moura/Grande Picos

Artesão Francisco Damião – Foto: Maria Moura/Grande Picos

O médico veterinário José João Rodrigues Filho explica que os profissionais da área acompanham todos os animais que participam de vaquejadas. Ele defende que as normas exigidas atualmente são suficientes para garantir o bem-estar dos animais.
“Eu sempre estou apoiando e outros veterinários da região de Picos também. A gente sempre acompanha, faz o atendimento, se acontecer alguma coisa a gente está presente. Estamos no ambiente onde encontramos vários amigos”.

O engenheiro agrônomo Luiz Eduardo Rodrigues também defende a vaquejada como parte enraizada da vida do nordestino e diz que há preconceito na forma como o esporte é analisado fora da região de origem. “Defendo a vaquejada por se tratar de cultura. Vaquejada é tradição no Nordeste. Infelizmente mais uma vez se mostra o preconceito que existe contra o nosso Nordeste”

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STF julga inconstitucional lei que regulamenta vaquejada

O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4983 contra a Lei 15.299/2013, do Ceará, que regulamenta a vaquejada como prática desportiva e cultural no estado.

Votaram a favor os ministros Marco Aurélio Mello, relator do caso, Roberto Barroso, Rosa Weber, Celso de Mello, Ricardo Lewandowisk e a presidenta Cármen Lúcia. Ao apresentar seu voto, que desempatou o julgamento, Cármen Lúcia reconheceu que a vaquejada faz parte da cultura de alguns estados, mas considerou que a atividade impõe agressão e sofrimento aos animais.

Apesar de referir-se especificamente ao Ceará, a decisão poderá ser usada como referência caso alguma ação do tipo seja apresentada ao tribunal oriunda de qualquer parte do País onde a vaquejada seja praticada como esporte, segundo o STF.

Portal Grande Picos

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