Picoenses e representantes de municípios da macrorregião se reuniram na manhã desta terça-feira (11) para participar de um ato contra o fim das vaquejadas. O grupo se concentrou às margens da BR-316 e seguiu em caminhada pela Avenida Severo Eulálio até chegar ao centro da cidade. O ato faz parte da mobilização nacional intitulada #EuApoioAVaquejada. O protesto é contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgou inconstitucional a lei cearense que regulamentava a prática como esporte.
O empresário Doriedson Viera, reconhecido como um dos maiores apoiadores da vaquejada no Piauí, avaliou de forma negativa a decisão do STF. Ele afirma que a vaquejada é um traço importante da cultura nordestina.
“A vaquejada é um esporte, a vaquejada é cultura, não existe o que estão falando. Hoje os órgãos reguladores, a ABVAQ e ABQM, criaram regras e todos os vaqueiros são conscientes disso. São regras de bem-estar animal, que você não pode tocar no boi, existe protetor de calda, o vaqueiro é desclassificado se chicotear o cavalo, se cortar, então hoje a vaqueirama, quase 100%, são conscientes de que não pode maltratar [o animal]. Até porque o vaqueiro faz isso por amor, ninguém faz isso para ganhar dinheiro. Nós fazemos por amor”, frisa.
O vaqueiro Rafael Neres também defendeu a realização das vaquejadas. “Vaquejada é meu DNA. Nasci na vaquejada, vivo a vaquejada e estamos aqui em apoio devido à vaquejada no Nordeste ser cultura, ser esporte e ser tradição. Por isso não podemos tirar dessa forma a vaquejada dos nordestinos”, avalia.
Rafael também ressalta que a prática é uma opção de lazer para muitas famílias. “A gente leva a família para a vaquejada, participa o filho, participa a filha, os familiares na hora da competição. Vaquejada é família, vaquejada é cultura”.
Mas para Francisco Damião, natural de Exu, no Pernambuco, a vaquejada é muito mais que diversão. Ele faz parte da terceira geração de uma família de artesãos que encontrou na vaquejada uma fonte de renda. “Sou a terceira geração de uma tradição de família que sobrevive da vaquejada. Sou artesão, meu avô era artesão, meus tios e eu sou a terceira geração”, explica.
“Se acabar [a vaquejada] a gente vai ter que arrumar outra coisa para fazer porque até hoje a minha família quase toda sobrevive principalmente disso […] Basicamente hoje eu tiro o sustento para mim, minha mulher e quatro filhos da minha oficina”, lamenta o artesão.