A casa à venda, no valor de R$ 90 mil, localizada próximo à avenida Dirceu Arcoverde em Barras, ainda está em construção e começou a ser erguida pela própria cabeleireira com auxílio do marido, após 14 meses de aluguel, e a comercialização de outra residência.
“Ano passado vendemos nossa casa para eu operar, mas como eu não tinha os laudos, comprei um terreno. Começamos a construir do zero e agora que já mudei o nome de gênero nos documentos não precisa mais de laudos. A casa e o salão são juntos. A construção começou em agosto e em dezembro nos mudamos. A casa e o salão, de onde tiramos dinheiro para o sustento, são bem simples e ainda estamos com dívidas da obra.
Vendemos também nossa motocicleta, mas foi em vão. Temos que pagar uma coisa e outra e não dar para juntar recursos suficientes para a cirurgia. Me sinto desesperada porque vejo meu sonho mais distante e por isso essa decisão”, disse.
Transexualidade
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a transexualidade é considerada um tipo de transtorno de identidade de gênero. A explicação estereotipada é de ‘uma mulher presa em um corpo masculino’ou vice-versa. Jenny Kate revela que a transexualidade surgiu ainda ainda na infância e com isso o preconceito.
Ela- que se casou com Rogério Ramos em setembro de 2014 após conseguir na Justiça a autorização para retificar o nome e gênero – conta que foi casada com uma mulher por sete anos e que a união matrimonial terminou devido à identificação com pessoas do mesmo gênero.
“Desde muito pequena usava as roupas batons e sandálias das tias. Sempre me identifiquei como mulher. Na época, frequentava igrejas e sofria porque algumas pessoas pregavam e ainda hoje pregam que a orientação sexual é coisa do demônio. Sempre lutei para não ser quem sou. Me casei e vivi por sete anos com uma mulher, mas era difícil porque não sentia atração pelo sexo oposto. Sou heterossexual mais minha identidade de gênero é oposta ao gênero resignado no nascimento”, disse.
A cabeleireira de 32 anos conta ainda que se aceitou como mulher há dois anos e que tem recebido apoio dos amigos na luta para conseguir custear a cirurgia. “Existem críticas, mas muitas pessoas têm dado apoio, inclusive, dizem que é o que está faltando para eu me tornar mais feliz e sem pressões psicológicas e que devo continuar lutando para conseguir realizar meu sonho”, reitera.