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FRONTEIRAS | Reportagem da TV Clube relata prejuízos acumulados após fechamento da Fábrica de cimento Itapissuma

Fechada desde 2017, a Fábrica, hoje deserta, acumula veículos abandonados, dívidas trabalhistas e prejuízos diversos a economia local.

em 03 de junho de 2019

Imagem: Reprodução (Crédito: Sávio Magalhães/TV Clube)

Com as atividades paradas há mais de dois anos, desde março de 2017, somando cerca de 350 funcionários demitidos de uma só vez e uma estrutura abandonada, a Fábrica Itapissuma, na zona rural de Fronteiras do Piauí, acumula diversos prejuízos materiais, econômicos e sociais no município, cuja população estimada está em cerca de 11 mil habitantes.

Em reportagem da TV Clube, exibida na manhã desta segunda-feira (03) durante o programa “Bom Dia Piauí”, foram apresentadas as problemáticas oriundas da falência da Fábrica, agravadas ao longo dos últimos anos.

Pessoalmente, os repórteres Antônio Rocha e Sávio Magalhães presenciaram um cenário deserto na Fábrica, antes extremamente movimentada.

Imagem: Fábrica Itapissuma (Crédito: Sávio Magalhães/TV Clube)

Fundada em 1978, a Itapissuma S/A é uma empresa de capital privado, produtora do cimento Nassau. Desde 2001 operava na cidade de fronteiras. Com sua instalação, a fábrica de cimento trouxe desenvolvimento econômico e social para a região.

No auge da produção, diariamente cerca de 40 carretas circulavam pelo local, somando juntas o transporte diário de trinta mil sacos de cimentos. Hoje, o cenário é bem diferente.

Imagens: Veículos da Fábrica estão sucateados (Crédito: Sávio Magalhães/TV Clube)

Com o fechamento da Fábrica, os caminhões foram abandonados em uma garagem e viraram sucata. São pelo menos 50 veículos que pertencem a uma empresa do grupo que administra a Itapissuma. Junto a Fábrica, também fecharam as portas o restaurante dos caminhoneiros e o posto de combustíveis que abastecia a frota de caminhões.

A localidade “Sobrado” é uma das mais afetadas com o fechamento da Itapissuma. Boa parte do dinheiro que circulava no povoado, vinha da Fábrica.

Seu Valdir, trabalhou como ajudante geral desde a instalação da Itapissuma no ano de 1996 e foi demitido quando faltava pouco menos de 4 meses para se aposentar. Com a idade já avançada, ele não conseguiu mais trabalho e sem renda fixa, aposta em “bicos” para sobreviver.

Imagens: Clínica fechada e Sr. Valdir (Crédito: Sávio Magalhães/TV Clube)

“Agora estou tendo de viver mesmo com aquele pouquinho que foi recebido do FGTS. Aí fui aguardando, fui passando, fui trabalhando na roça com algum biquinho, meio dia de serviço por aqui, por aculá”, relatou o ex-funcionário à reportagem da TV Clube.

O fechamento da Fábrica trouxe prejuízos para várias setores da economia de fronteiras, como a clínica que atendia os funcionários da empresa e familiares. Hoje, está fechada por falta de clientes.

Imagens: Padeiro Benjamin Sousa e o empresário Hamirton Rocha (Crédito: Sávio Magalhães/TV Clube)

Aqueles que não fecharam as portas, tiveram de se adaptar a nova realidade local, como a padaria do Sr. Benjamin Sousa, que durante o funcionamento da Itapissuma tinha produção média de 2.500 unidades de pães por dia. Após o fechamento da Fábrica, o número caiu para 700 unidades por dia, funcionando no limite do possível.

“Aqui a gente tinha um mar de rosas. Tinha dinheiro, circulava. Movimento muito bom, mas depois que fechou aí o negócio desandou. A gente vem com sérias dificuldades” afirmou em entrevista à TV Cube o padeiro Benjamin Sousa

No setor de combustíveis o impacto foi ainda maior, como relatou o empresário Hamirton Rocha.

“As nossas vendas, principalmente de óleo diesel, caíram 90%. Para vocês terem uma ideia, o que nós vendíamos em um dia estamos vendendo em um mês”, contou o empresário.

Imagem: Ex-funcionário Paulo Ribeiro. (Crédito: Sávio Magalhães/TV Clube)

Buscando um novo meio de sobrevivência, o Sr. Paulo Ribeiro, ex-funcionário da fábrica que somou 17 anos de serviço para a Itapissuma, juntou as economias e investiu em um negócio junto com a esposa, abrindo uma loja de variedades. Mesmo assim, com o comércio em geral fortemente impactado, os lucros não tem sido o esperado.

“A gente juntou todas as forças que a gente tinha né, e aí começamos esse pequeno negócio. Porém, não é fácil. Como vocês devem observar, com o fechamento da fábrica todos os comerciantes de nossa cidade tem passado dificuldades” explicou Paulo Ribeiro durante a reportagem.

Imagem: Prefeitura Maria José. (Crédito: Sávio Magalhães)

O município também perdeu muito com o fechamento da Fábrica Itapissuma. A Prefeito de Fronteiras deixou de arrecadas por mês cerca de 800 mil reais, sofrendo um abalo muito grande nas suas contas e dificultando o crescimento antes pujante da cidade, que hoje depende sobretudo de repasses federais.

“Nós estamos assim praticamente de mãos atadas. Primeiro, nós não temos recursos. Os recursos que nós temos para gerir determinada situação em uma administração dessa é provindo do FPM como também de emendas parlamentares”, detalhou em entrevista a TV Clube a prefeita Maria José, que já buscou de diversos meios apoio para a reabertura da Fábrica.

Ex-funcionária Maria da Conceição (Crédito: Sávio Magalhães/TV Clube)

As demissões em massa também abalaram o psicológico de quem trabalhava na empresa. Durante 12 anos, Conceição atuou como assistente de relações comunitárias na Itapissuma. Ela conta que ao se verem desempregados, muitos tiveram depressão.

“Nós temos colegas, é verídico, é real, o fato de que colegas colaboradores que trabalhavam conosco entraram em depressão. É verdadeiro isso. Entraram em depressão e alguns chegaram a óbito, tiveram AVC’s e morreram. Temos também outros colegas nossos que foram para o fundo da rede mesmo, entraram em depressão e não conseguiram levantar até hoje” relatou Maria Conceição.

Imagem: Fábrica Itapissuma em Fronteiras/PI (Crédito: Sávio Magalhães/TV Clube)

Com a denúncia dos ex-funcionários sobre as dívidas trabalhistas que não foram quitadas até hoje pela Itapissuma, o cenário é de incertezas. Porém, muitos não perdem a esperança de receber seus recursos. A expectativa é de ajudar não somente no sustento de suas famílias e aliviar os prejuízos acumulados até aqui, como também injetar estes recursos na economia local, podendo aquece-la após estes dois anos de queda.

“350 funcionários estão ainda de mãos atadas sem receber seu recurso e ainda nossa luta é para que esse recurso chegue a nossa mão para sobrevivência da nossa família. Sem dúvida é um dinheiro que ao chegar na nossa cidade também vai dar um melhor impacto e aí por o período que este recurso estiver na nossa mão, Fronteiras também terá uma melhora”, disse o ex-servidor Paulo Riberio.

Imagem: Fábrica Itapissuma em Fronteiras/PI (Crédito: Sávio Magalhães/TV Clube)

Segundo a reportagem da TV Clube, ninguém da empresa de cimento foi encontrado para comentar o fechamento da fábrica e também a denúncia de que as dívidas trabalhistas não foram pagas.

Bom Dia Piauí – TV CLUBE

2 Comentários

  1. Mauro disse:

    Isso é oque da endividar a empresa, e taxa tudo e máfia de processo trabalhistas e tudo mais aí tem que sofrer as consequências! “De onde se tirar o pão não podemos meter a faca” culpa literalmente desse povo que protestou os requisitos trabalhistas em massa.

  2. Mauro Jamilton De Sousa leite disse:

    Isso é oque da endividar a empresa, e taxa tudo e máfia de processo trabalhistas e tudo mais aí tem que sofrer as consequências! “De onde se tirar o pão não podemos meter a faca” culpa literalmente desse povo que protestou os requisitos trabalhistas em massa.

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